terça-feira, 16 de setembro de 2014

A travessia...

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos". (Fernando Pessoa)

Primeiro, precisamos perceber o momento de fazer a travessia. Raramente, o mundo nos apresenta as mudanças aos poucos nos dando tempo de fazer essa migração interna. Muitas vezes, a necessidade de mudar, vem assim meio de "sopetão". Para irmos em frente, temos que atravessar, é inevitável, se não, ficamos estagnados em nossos medos e crenças.

O novo sempre nos traz medo por não saber. Esse medo vem sempre carregado de crenças que podem nos estagnar mas, ao mesmo tempo, vem carregado também de curiosidade. Contudo, temos uma tendência em pensar no que iremos perder com a travessia e não no que pode ser bom, nas oportunidades que podem surgir.

Temos crenças que nos impulsionam, mas outras nos imobilizam.
Será que suas crenças são motivadoras ou sabotadoras de seus sonhos e objetivos?

Não ter consciência do que nos impulsiona e também do que nos freia,  pode nos fazer ir em frente mecanicamente. Talvez, teremos que parar obrigatoriamente em algum momento do caminho para ajustar a rota e de fato entender.
Isso é muito comum na carreira: escolhemos os caminhos profissionais, as vezes muito jovens, baseados em ideais, pessoas que admiramos ou até numa certa influência de nossos pais.
Um pouco mais tarde, pode ocorrer uma sensação de estar no trajeto de outra pessoa, parecendo não ser a nossa própria escolha. Nesse momento, aparecem as crises, conflitos internos, porque muitas vezes estamos "bem sucedidos" financeiramente ou na carreira, mas ainda assim não nos sentimos donos dessa história.

É aí que entra, em primeira estância, nosso auto-conhecimento, a ponto de entender nossas forças, nossas fraquezas, aceitá-las e lutar contra nossas crenças que nos imobilizam para atravessarmos ao outro lado do rio e buscar o que verdadeiramente queremos fazer e ser.

Todos passamos, o tempo todo, por momentos de renovação, mudanças, de deixar o velho para entrar o novo, morte e nascimento.

Esse caminho da travessia é o mais intenso nos quesitos sentimentos e aprendizado.

Desapegar da roupa velha, da velha crença, é como matá-la, o que não é fácil, pois parece nos tirar certezas, que de certa forma, nos dão uma pseudo segurança. Instintivamente, vamos seguir crenças de situações que aparentemente deram certo. Isso é a sobrevivência, mas não há evolução se não tivermos coragem para matar, jogar fora e permitir o renascimento, a renovação e o crescimento pessoal.

Todos podemos passar por essas dúvidas e mudanças de rota. Mas o que fará verdadeiramente a diferença é o quanto conhecemos de nossa essência para acelerar nosso crescimento como pessoas e, consequentemente, como profissionais, pais, filhos, maridos e esposas.

domingo, 8 de setembro de 2013

Os Psicanalistas, o mês de setembro e um pouco de Lacan

Li este artigo e gostei da objetividade. Sobre a formação, prática e ética do Psicanalista e a contribuição essencial de Lacan neste processo.

 (Jorge Forbes, artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo em 24 setembro de 1991, p. 2) 

http://www.jorgeforbes.com.br/br/artigos/j%C3%A1-que-lacan-morreu.html


Jacques Lacan morreu em setembro, como Freud e também Melanie Klein. Será que os grandes psicanalistas ficam mais frágeis nesse mês, depois de brigar com as bruxas de agosto? Há exatos dez anos Jacques Lacan morreu. Ele não foi um discípulo de Freud como os outros – até, diríamos, foi contra os outros. Em seu retorno a Freud, à virulência da descoberta psicanalítica, ressaltou os impasses entre o homem e a civilização, entre o desejo e as satisfações possíveis, entre a palavra que se quer e a que se tem. Não deu resposta acomodativa a esses impasses como seus predecessores, mas arregaçou as mangas, encarou o problema e, num decidido vamos lá, demonstrou que o conflito entre o homem e a cultura não é acidente de percurso, mas de sua natureza. E isso não é mau, ou melhor, não deve ser mau para aqueles que toleram na receita da vida uma pitada de incerteza que muda o gosto das saladas de garantia. “ Decidir-se na incerteza” pode ser um bom lema para uma bandeira psicanalítica. Lacan, como ninguém, soube ser bandeirante do inconsciente. Sem cavalos, sem botas, sem gibão, mesmo sem tropa, teve como arma sua inquietação, que chamou de ética do desejo, e como instrumentos, seu silêncio atrás do divã e sua fala diante de um grande público. Um homem contemporâneo: para provar o arbitrário da língua, partiu da Lingüística. Para provar que o inconsciente pensa, usou Matemática e Lógica. Para provar que herdamos, além de genes, também gostos, maneiras, tradições, recorreu à Antropologia e, para o grande debate sobre o homem e o mundo, teve longas conversas com Kant, Hegel, Heidegger, sem esquecer os antigos. Luzes e mais luzes na Psicanálise. Se Psicanálise é ciência, ainda se discute, mas com Lacan, certamente, não é ciência oculta. Ele teve a ousadia de derrubar duas resistentes barricadas das cartilhas analíticas: seus seminários eram abertos, sua prática clínica desritualizada. Provou que a famosa transferência – as emoções deslocadas que o analisando sente por seu analista – não se extinguia ao ver o paciente seu analista em público, trabalhando, pensando, emitindo opiniões, com raiva, com carinho. Quebrando os rituais públicos e privados colocou na mão dos psicanalistas a responsabilidade de dirigir uma análise nesse mundo , e não no mundo perfumado e asséptico do britânico setting. Ele pôs a análise em pé, atenta às diferenças e não às igualdades. Estendeu as fronteiras da clínica, pôde escutar onde os padrões ensurdeciam, casos rebeldes passaram a ser casos tratados. Na formação dos analistas também inovou. Quem é analista? A régua que mede o engenheiro, o médico, o advogado e cia. não serve para o analista, como também não é válido o terço da fé que qualifica os religiosos. O analista se mede na prova que oferece de ser capaz de levar o saber ao seu limite, ao impossível; o amor à diferença radical; de impedir que a norma pulverize os detalhes do desejo. E deve fazer tudo isso sem ficar à margem, sem gozar da marginalidade (no duplo sentido). Nem a Academia nem a Igreja servem ao psicanalista. Sua instituição é a práxis cotidiana que se mede só por sua eficácia transformadora, de um a um. Cabe às escolas psicanalíticas saber recolher, transmitir e garantir essas experiências do particular. Marshall McLuhan, o grande teórico das comunicações, definiu que “o meio é a mensagem” – mais importante que o que temos a dizer passou a ser o veículo utilizado. Falar no rádio como o rádio quer, aparecer na televisão como a televisão quer, escrever no jornal como o jornal quer. Lacan resolveu seguir a lição ao pé da letra e, ao fazê-lo, mostrou o absurdo que se esconde em toda ordem unida. Solapou o meio em sua própria mensagem. Foi à televisão e chamou o seu programa de Televisão, foi ao rádio e publicou a entrevista sob o nome de Radiofonia, escreveu um grande livro e intitulou-o, simplesmente, Escritos. Seus 26 seminários, um para cada ano de seu ensino, chamam-se Seminários. Sufocado pela armadura massificante da mídia, soube detectar os respiros da criatividade. O meio ainda não é a mensagem toda, os atores são fundamentais. Por isso se comemoram os dez anos da morte de Jacques Lacan, ele é fundamental. A Psicanálise não sobreviveria sem os grandes analistas. Essa afirmação pode chocar o homem da ciência que pretende que a fórmula prescinda do autor. Pode falsamente alegrar o intuitivo que quer fazer de sua paixão uma verdade universal. Não, nem uma coisa nem outra. Será analista, quem souber se equilibrar na ética do desejo. Se cair para um lado fará o sujeito desaparecer no discurso da ciência, se cair para o outro lado fará seu enaltecimento místico. Aí está uma difícil virtude: equilibrar-se nesse meio. Já que Lacan morreu, para ser Outro enfim, como uma vez comentou, resta aos analistas fazer dessa memória uma história diferente e demonstrar o lugar da Psicanálise neste nosso mundo. Há muito para ser feito. Estejamos atentos e que haja talento e decisão.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Refletindo sobre as questões do trabalho: Ferias, a liberdade do arreio?

O Artigo abaixo foi  publicado na revista "Psiquê". O site é Portal Ciência e Vida. Vale a visita. A matéria é de Rubem Alves, escritor, educador e psicanalista. 
O título é "A Liberdade do Arreio". Fala sobre trabalho, férias, liberdade e... arreios & cavalos. 

 "Há dois tipos de férias. O primeiro é quando o cavalo cansado, magro, castrado, vai para uma campina verde, sem ninguém que lhe dê ordens, sem hora para se levantar, sem nada para fazer, é só vadiar, pastar, descansar, correr, dormir, fazer o que lhe der na telha! Que felicidade! Bom seria que a vida toda fosse assim! Mas o tempo corre rápido. Passadas duas semanas, descansado e gordo, é hora de voltar para onde estava antes ... para o cabresto, cerca, arreio, carroça, esporas e chicote, para isto que se chama realidade. É hora de retomar o trabalho no lugar onde ele o havia deixado. Descansar para trabalhar! E há mesmo os cavalos que, ao final das férias, começam a sentir saudades do arreio e da carroça, querem voltar, porque se cansam da liberdade. Todo mundo diz que quer liberdade. É mentira. A liberdade traz muita confusão à cabeça. Melhores são as rotinas, que nos livram da maçada de ter que tomar decisões sobre o que fazer com a liberdade. Quem tem rotinas não precisa tomar decisões. A vida já está decidida. O cavaleiro nem precisa puxar a rédea: o cavalo sabe o caminho a seguir. O segundo tipo é quando as férias produzem uma perturbação não esperada na cabeça do cavalo. Aqueles campos verdes sem cercas começam a mexer lá no fundo da sua alma, justo no lugar onde estava enterrado o cavalo selvagem que ele fora um dia, antes do cabresto, do arreio e da castração. E aí um milagre acontece: o cavalo selvagem morto ressuscita, se apossa do corpo do cavalo doméstico, que vira outro e até reaprende as esquecidas artes de relinchar, de empinar, de saltar cercas, de disparar a galope pela pura alegria de correr, imaginando-se um ser alado, Pégaso voando pelas pastagens azuis do céu e pulando sobre as nuvens ... É tão bom ... E, de repente, deitado sob uma árvore, ele se lembra de que está chegando a hora de voltar ... Mas ele não quer voltar. Quer ficar. Surgem então, na sua cabeça, perguntas que nunca fizera: "Por que é que eu volto sempre? Será mesmo que preciso voltar? Estou condenado ao cabresto, arreio e castração? É isso que é a vida? Por que voltar se não quero? Volto porque é preciso? Mas será preciso mesmo? Minha vida não pode ser diferente?': Essas ideias malucas só acontecem quando o cavalo está só com os seus pensamentos. Férias em solidão são perigosas. É por isso que muitas empresas fazem colônias de férias para os seus empregados. Para que não fiquem sozinhos. Para que não pensem pensamentos doidos. Juntos, eles pensam os pensamentos que todos pensam. Pensamentos normais. Os de sempre. Os mesmos. Sobre o que conversam os cavalos domésticos nas colônias de férias? Eles conversam sobre cabrestos, arreios, carroças, cavaleiros, carroceiros ...E, assim, os cavalos selvagens continuam enterrados." TODO CAVALO PRECISA DE FÉRIAS. AS EMPRESAS SABEM DISSO. E, SE DÃO FÉRIAS PARA OS SEUS CAVALOS, NÃO É PORQUE OS AMEM EM LIBERDADE. É PORQUE PRECISAM DELES REVIGORADOS.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Medo do que?

É fácil perceber, o tempo todo, o quanto as pessoas possuem medo de errar. Medo de serem frágeis, de não serem queridas, medo, medo e medo.
Mas como viver, passar de nível nesse jogo sem arriscar, testar até onde podemos ir, explorar o que ainda não conhecemos?
Como podemos "destravar" os medos?
Não existem muitas respostas. Provavelmente, teremos que nos submeter ao que mais nos apavora e, então, enfrentar. Continuar evitando só vai adiar o crescimento e gerar angústia. Quando não enfrentamos o que nos apavora, sentimos uma sensação de derrota e frustração, que isso pode acabar doendo mais do que o enfrentamento.

Fomos acostumados à punição pelo erro e nos condicionamos a não arriscar para não errar, pois sempre tivemos reforços negativos. Com o tempo, percebemos que não há outra maneira de passar de fase nesse jogo infinito de crescimento individual, a não ser nos permitindo o erro.
Existe algo que podemos refletir nos momentos de encarar o desconhecido e também nos momentos de ansiedade frente a uma decisão: "O que de melhor pode acontecer?" e " O que de pior pode acontecer?" Parece bobagem, mas essas indagações desnudam as fantasias, tornando-as factíveis e mais reais, diminuindo, assim, o sofrimento e a angústia. Fazer o exercício de dar aos fatos o tamanho real que eles possuem, traz serenidade e clareza para escolher o melhor caminho no momento necessário.
Outro fato que assombra as pessoas é que a escolha de algo implica diretamente na não escolha de outra opção. Sempre fica a dúvida: "E se eu tivesse escolhido o outro caminho?"
Qual seu maior medo?
É a responsabilidade da escolha ou o que se pode perder com a "não" escolha?
O que define a escolha é o tempo e momento. É comum reeditarmos uma escolha do passado e termos a sensação de que faríamos diferente hoje. E, talvez, até faríamos mesmo, mas naquele momento e naquela situação é o que conseguimos com o objetivo de alcançar o melhor.
Na nossa evolução, mudamos pontos de vista, padrões e opiniões a respeito de tudo. A percepção de ontém pode não ser mais a mesma hoje.

Pensar dessa forma, a respeito do que decidimos no passado, ameniza o peso que muitas vezes insistimos em carregar desnecessariamente por coisas que não podemos mudar. Mas não devemos desprezar o aprendizado que podemos ter ao refletir sobre aquele passado.

"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar." (Shakespeare)

Leila Martins
@LeilaVirtual

domingo, 26 de junho de 2011

Por que acaba um casal?

CONTARDO CALLIGARIS


Nossa cultura romanceia o namoro, mas imagina o casamento como se fosse uma "tumba do amor"


NO DOMINGO passado, Dia dos Namorados, um amigo mandou flores para sua mulher com este bilhete: "Posso ser seu namorado ou continuo sendo apenas seu marido?".
A frase foi bem recebida. É que, para nós, "namorado e namorada" pode ser muito mais do que "marido e mulher". Em regra, nossa cultura romanceia o namoro, mas imagina o casamento como uma tragicômica "tumba do amor".
Na última sexta, na Academia de Ideias de Belo Horizonte, durante um bate-papo com João Gabriel de Lima sobre meu último livro, ao falar de amor e casais, eu propus o seguinte: 1) todos tendemos a amarelar diante de nosso próprio desejo; 2) o casamento nos permite acusar alguém de nossa própria covardia -assim: eu quero fazer isso ou aquilo, mas tenho preguiça e medo; por sorte, agora que me casei, posso dizer que desisto porque assim quer minha parceira; 3) um casal, para valer a pena, não deveria servir para justificar as desistências de nenhum de seus membros; ao contrário, ele deveria potencializar os sonhos e os desejos de cada um dos dois.
Uma mulher me lembrou, com razão, que até esse tal casal que vale a pena pode acabar. E perguntou: por quê?
Existe uma sabedoria popular resignada sobre a duração de um casal. Os sentimentos do namoro viveriam, no casamento, uma decadência progressiva inelutável. E os casais continuariam unidos mais por inércia do que por gosto.
Alguns dizem que a rotina e a proximidade desgastam os sentimentos. Ou seja, o apaixonamento sempre é fruto de alguma idealização, e de perto ninguém parece ideal por muito tempo. Será que o remédio seria manter a distância para não enxergar as falhas do outro?
Respondo: amar não significa não enxergar os defeitos do outro, mas achar graça neles. Uma amiga perde um celular por semana; ela sabe que uma relação amorosa está acabando no dia em que seu homem, em vez de achar graça na sua desatenção, irrita-se com seu descuido.
Outros acusam o tédio. A novidade (valor mor da modernidade industrial) seria o ingrediente essencial (e, por definição, efêmero) do casal feliz. Ou seja, felizes são só os recém-casados.
Respondo: todos nós, neuróticos, amamos a repetição e a praticamos com afinco. A rotina, portanto, não deveria nos afastar do amor.
Volto, portanto, à pergunta: por que um casal acaba? Levantei a questão no Twitter, e @M_Angela_ Jesus me escreveu que, segundo Anaïs Nin, os casais não morrem nunca de morte natural, mas por falta de cuidados, de atenções e de esforços.
A citação me levou a pensar nos meus próprios casamentos fracassados; não cheguei a resultado algum, salvo o fato de que não deveríamos chamar necessariamente de fracasso um amor que acaba; erigir a duração em valor é uma ideia perigosa, que pode transformar separações bem-vindas e necessárias em processos laboriosos e infinitos.
No meio dessas reflexões, no domingo, fui assistir a "Namorados para Sempre", de Derek Cianfrance, que me tocou fundo, por ser justamente a história de um amor que não é mais possível. Isso, sem que os protagonistas consigam saber por que "não dá mais": nenhum deles é o vilão da crise, e nenhum deles é capaz de dizer o que está errado e deveria mudar para que o casal tivesse uma chance.
A julgar pela idade aparente da filha, o casal do filme dura há mais ou menos cinco anos. Em cinco anos, os namorados que, no primeiro encontro, haviam dançado e cantado na rua, cheios de alegria e de encantamento, transformaram-se num casal de estranhos que se encaram antes de se enxergar.
O que aconteceu? Não há resposta. Essa é a força do filme, que acua cada espectador a se perguntar o que foi que aconteceu a cada vez que ele ou ela amou, e o amor se perdeu.
Não é preciso que haja discordância brutal, traição ou desamor para que um casal se perca. Claro, é sempre possível racionalizar e apontar causas: no caso do filme, ao longo dos cinco anos, talvez ela tenha "crescido" profissionalmente (como se diz) e alimente agora ambições que ele não pode compartilhar porque, para ele, o casamento e a filha continuam sendo as únicas coisas que importam. Pode ser.
Mas talvez o fim de um amor seja um fenômeno tão misterioso quanto o apaixonamento. Talvez existam duas mágicas opostas, igualmente incontroláveis, uma que faz e outra que desfaz.

ccalligari@uol.com.br

@ccalligaris

sábado, 28 de maio de 2011

Entendendo as diferenças entre Coaching e Psicoterapia


O desenvolvimento humano é infinito e existem vários métodos para acelerar esse processo. Dentro deste universo, quero falar sobre a Psicoterapia e o Coaching. Como são áreas muito próximas e o Coaching relativamente pouco conhecido, é comum haver uma confusão entre ambos.

Quais as diferenças entre os dois?

Inicialmente, a Psicoterapia aborda o ponto de vista mais intrínseco e emocional. Já o Coaching objetiva um resultado mais pragmático e focado em uma meta.  

Diversos estudos apontam outras diferenças ainda entre Coaching e Psicoterapia, que são mais claramente percebidas em relação aos objetivos e públicos alvos. Por outro lado, em relação ao formato dos atendimentos, os dois são semelhantes: sessões individuais em encontros semanais com duração de cerca de 50 minutos.


O Coaching é orientado para o objetivo futuro e encoraja o cliente a obter novas conquistas e realizações, tanto na vida pessoal quando profissional, focando performance e desenvolvimento. O coaching não tem objetivo terapêutico, sendo geralmente procurado por pessoas que querem ajuda para atingir metas  e desenvolver-se em competências específicas.


A Psicoterapia tem por objetivo cuidar das questões emocionais, afetivas e comportamentais. A partir da ampliação do auto conhecimento e a resignificação de situações sentidas e ou vividas, é possível ajudar o cliente/paciente a mudar padrões de comportamento que estão mantendo seus problemas e dificuldades atuais, trazendo assim outras maneiras de lidar com suas dificuldades emocionais.

Outra diferença clara é que, no Coaching, existe um número fechado de sessões com prazo definido de término. Já no caso da Psicoterapia, esse tempo é flexível, tendo em vista o tratamento de emoções, traumas e afetividade.

É importante observar que muitos clientes tem se beneficiado em participar dos dois processos, pois um não invalida o outro, pelo contrário, em vários casos eles se complementam. Por exemplo, clientes de Psicoterapia que estão se reestabelecendo de depressão e desejam reestruturar suas carreiras prejudicas pelos seus sintomas, podem se beneficiar do Coaching.

Assim como clientes de Coaching que não conseguem avançar em seus objetivos por questões como quadro depressivo, ansiedade exagerada, fobia social, baixa auto-estima, entre outras, podem se beneficiar da Psicoterapia.

Um último ponto importante é o que trata dos profissionais que oferecem estes processos. Na Psicoterapia, o profissional é o psicólogo que necessita de uma formação acadêmica e estar vinculado ao CRP (Conselho Regional de Psicologia). Para trabalhar com Coaching, o profissional necessita de uma certificação em instituições autorizadas, sem necessariamente ter uma formação acadêmica na área.

Em todos os casos, você deve perceber que um não invalida o outro, nem um é evolução do outro. A Psicoterapia é uma ciência e o Coaching é uma importante ferramenta. Ambos  podem ajudar o desenvolvimento humano.

LEILA MARTINS

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Novidades no mundo da Educação Corporativa

Já pensou em treinar seus funcionários em conhecimento de produtos e processos de uma forma interativa e prazerosa?

Entre em contato com http://www.expansao.com.br/

Inove e proporcione outro nível de conhecimento para sua equipe. http://www.expansao.com.br/site/conceitos.html

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Quais são suas ferramentas?

"Não somos apenas o que pensamos ser. Somos mais; somos também o que lembramos e aquilo de que nos esquecemos; somos as palavras que trocamos, os enganos que cometemos, os impulsos a que cedemos, sem querer." (Sigmund Freud)
"É curioso não saber dizer quem sou." (Clarice Lispector)

Quem sou eu? Em algum momento em nossas vidas, essa grande e profunda questão começou a incomodar, não foi?  Se ainda não, talvez esse texto desperte algo agora.

A impressão é que nunca sabemos quem somos de verdade e, mesmo com o tempo e alguma ajuda, ainda assim, entendemos apenas parte do que somos feitos.

O que é fato é que quanto mais sabemos de nossos “ingredientes”, cores, traços e sombras, mais poderemos ir além do que pensamos ser.

E porque não podemos considerar que somos, sim, uma obra de arte que tem personalidade, traços exclusivos, às vezes com cores, outras vezes preto e branco? Parte do que somos é interpretação de quem vê, de quem se relaciona conosco, nos sentem. É assim mesmo, como uma obra de arte.

Somos feitos de pensamentos que construímos a respeito de nós, das pessoas, da opinião dos outros a respeito de nós e, com isso, pensamos saber como o mundo nos vê.

O que você sabe de si mesmo? Conhece todas suas fortalezas? O que pensam as pessoas a seu respeito?

Normalmente, as pessoas acreditam que devem conhecer a si mesmas para  entender, na verdade, as suas fraquezas. Fraquezas também fazem parte do nosso "EU", portanto, devemos saber sim sobre elas. Mas, e quanto nos preocupamos em conhecer nossas fortalezas, nossas características que são traços de nossa personalidade, que nos diferem?

Ao aprofundar esse caminho do autoconhecimento, vamos encontrar os dois lados: fraquezas e fortalezas, e é disso que, ao final das contas, somos feitos.

E você, agora, pode se perguntar: "O que é uma fortaleza? Fortaleza pra quem?

Acredito que fortalezas são as características que são nossas, naturais, que nos colocam no caminho de nossa essência,  que nos fazem ir para frente, na busca de nossos sonhos e que é possível usá-las, assim, sem esforço.

E as fraquezas?

Algumas de nossas fraquezas são passíveis de serem desenvolvidas, melhoradas ou adaptadas. Outras, simplesmente merecem nosso conhecimento e esforço em tentar amenizá-las, nos momentos em que possam atrapalhar nossos caminhos e relações.

Como disse Clarice Lispector: "Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.”

Conhecer a nossa CAIXA DE FERRAMENTAS é essencial. Somente assim, poderemos abrir esta caixa e escolher qual ou quais ferramentas usaremos para determinada situação e qual deixaremos mais no fundo da caixa, pois não é interessante naquele momento.

Já pensou em usar uma fraqueza ao abrir a sua caixa de ferramentas? Uma fraqueza que, em determinada situação, poderá se transformar em fortaleza? Pense nisso...