segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Travessia...

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos". (Fernando Pessoa)

Primeiro, precisamos perceber o momento de fazer a travessia. Raramente, o mundo nos apresenta as mudanças aos poucos nos dando tempo de fazer essa migração interna. Muitas vezes, a necessidade de mudar, vem assim meio de "sopetão". Para irmos em frente, temos que atravessar, é inevitável, se não, ficamos estagnados em nossos medos e crenças.

O novo sempre nos traz medo por não saber. Esse medo vem sempre carregado de crenças que podem nos estagnar mas, ao mesmo tempo, vem carregado também de curiosidade. Contudo, temos uma tendência em pensar no que iremos perder com a travessia e não no que pode ser bom, nas oportunidades que podem surgir.

Temos crenças que nos impulsionam, mas outras nos imobilizam.
Será que suas crenças são motivadoras ou sabotadoras de seus sonhos e objetivos?

Não ter consciência do que nos impulsiona e também do que nos freia,  pode nos fazer ir em frente mecanicamente. Talvez, teremos que parar obrigatoriamente em algum momento do caminho para ajustar a rota e de fato entender.
Isso é muito comum na carreira: escolhemos os caminhos profissionais, as vezes muito jovens, baseados em ideais, pessoas que admiramos ou até numa certa influência de nossos pais.
Um pouco mais tarde, pode ocorrer uma sensação de estar no trajeto de outra pessoa, parecendo não ser a nossa própria escolha. Nesse momento, aparecem as crises, conflitos internos, porque muitas vezes estamos "bem sucedidos" financeiramente ou na carreira, mas ainda assim não nos sentimos donos dessa história.

É aí que entra, em primeira estância, nosso auto-conhecimento, a ponto de entender nossas forças, nossas fraquezas, aceitá-las e lutar contra nossas crenças que nos imobilizam para atravessarmos ao outro lado do rio e buscar o que verdadeiramente queremos fazer e ser.

Todos passamos, o tempo todo, por momentos de renovação, mudanças, de deixar o velho para entrar o novo, morte e nascimento.

Esse caminho da travessia é o mais intenso nos quesitos sentimentos e aprendizado.

Desapegar da roupa velha, da velha crença, é como matá-la, o que não é fácil, pois parece nos tirar certezas, que de certa forma, nos dão uma pseudo segurança. Instintivamente, vamos seguir crenças de situações que aparentemente deram certo. Isso é a sobrevivência, mas não há evolução se não tivermos coragem para matar, jogar fora e permitir o renascimento, a renovação e o crescimento pessoal.

Todos podemos passar por essas dúvidas e mudanças de rota. Mas o que fará verdadeiramente a diferença é o quanto conhecemos de nossa essência para acelerar nosso crescimento como pessoas e, consequentemente, como profissionais, pais, filhos, maridos e esposas.

4 comentários:

  1. Leila excelente texto. Abre os olhos para o que realmente acreditamos e se isso nos aprisiona ou liberta.

    Muito bom.
    Me tornei seguidor do seu blog e fiz um comentario no meu Facebook , conheça meu blog www.ricardolopezdesignerdeinteriores.blogspot.com

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  2. Lê, realmente atravessar para o outro lado não é fácil mas é extremamente necessário. Ser livres para as nossas escolhas,quebrar paradigmas para seguir em frente. Adorei seu texto, e como diz a Elisabeth Gilbert do livro Comer, rezar e amar ATRAVESSIAMO. beijão

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  3. Parabéms, minha amiga pelo texto! Atravessar nunca é fácil mesmo, mas existe algo mais prazeroso?

    Bjs

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  4. Oi Leila,
    Adorei!...quanta roupa velha e coisas que não conseguimos nos desprender.
    Meu comparativo êh como se desfazer disto, abrisse determinados "buracos" e remendos sentimentais... Sei lá !!! Filosofei! Bj Angela

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